quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Grandes mediadoras escapam à crise e aumentam as vendas

Banca apertou crédito ainda mais, após Verão; restrição contornada com mais aconselhamento


ALEXANDRA FIGUEIRA E PAULO FERREIRA

Para vender uma casa já não chega colar o número de telefone à janela. Não é que não haja quem queira comprar, o problema é descobrir quem tem capacidade financeira para conseguir crédito. A alternativa tem sido procurar as grandes mediadoras: para elas, não há crise.

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Grandes mediadoras escapam à crise e aumentam as vendas

Todos os dias se ouve falar em restrições ao crédito, na dificuldade em vender casas, em falências e desemprego no imobiliário (este ano, até Setembro, faliram 75 empresas, o dobro das que fecharam na mesma altura de 2009, segundo a Crédito y Caución). Mas a crise não toca a todos. O mal de uns é o proveito de outros e a dificuldade sentida por pequenas mediadoras e famílias em, por si, venderem casas beneficia as grandes empresas, cuja estrutura lhes permite ter uma carteira maior de compradores e vendedores e dar ao cliente conselhos para aumentar a hipótese de obter crédito.

O aperto da Banca foi confirmado ao JN por várias mediadoras. Sobretudo a partir do Verão, dizem, conseguir um empréstimo para comprar casa ficou ainda mais difícil. "Pessoas que, antes, compravam casas de 300 mil euros agora só compram de 150 mil", exemplificou .

A apetência pela compra de casa, contudo, continua, mas "as pessoas esbarram no banco", disse João Nuno Magalhães, responsável pela área residencial da CB Richard Ellis. Para o contornar, as mediadoras avaliam a capacidade financeira dos clientes. "Temos protocolos com bancos, estamos actualizados quanto às suas políticas e só lhes levamos os processos previamente qualificados", disse Ricardo Sousa. À medida que a Banca aperta os critérios, a análise torna-se mais exigente.

"Se um cliente quer comprar uma casa é porque tem necessidade. A nós compete-nos encontrar uma casa com um preço que ele pode pagar", disse Beatriz Rubio, presidente da REMAX Portugal.

Além disso, os bancos comportam-se de maneira diferente. Globalmente, os portugueses dão menos crédito, mas a redução é mais do que compensada pelo aumento por parte dos estrangeiros, assegurou Paulo Morgado.

Descer preços para vender

Se o maior problema é conseguir empréstimos, o segundo maior é convencer quem vende a baixar o preço, afirmou Beatriz Rubio. "Sobretudo quem comprou casa quando o mercado estava a crescer, agora resiste a vender por menos dinheiro", disse.

Paulo Morgado acrescentou: "As pessoas têm de baixar o preço para vender. A boa notícia é que os preços disparatados de há anos deixaram de existir". A Banca tem avaliado os imóveis por um valor cada vez mais baixo, mas com isso está só a acompanhar a realidade do mercado, acreditam os mediadores (quanto maior for a diferença entre o valor da avaliação e o montante pedido emprestado, mais difícil será conseguir o crédito).

Mais particulares a procurar profissionais para vender casas e menos pequenas empresas a trabalhar no mercado significam mais negócio para as grandes mediadoras. Das quatro mediadoras contactadas pelo JN, as duas maiores esperam aumentar quer o número de negócios assinados quer o valor envolvido; as restantes esperam que este ano seja, na pior hipótese, semelhante a 2009.

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